Ano estranho este de 2017 – positivo em termos de finanças públicas, nem tanto quando observamos certas decisões políticas.
Como se escreveu, a tragédia de Pedrógão (17 de Junho) mostrou a face negativa de um Governo até aí determinado, confiante e confiável. O que se seguiu é conhecido: incapacidade em enfrentar os problemas, velhos e novos – os mais graves como a seca e os incêndios de 15 de Outubro, e os mais simples como a transferência do Infarmed ou a (des)aprovação da taxa das renováveis. A firmeza estratégica de outrora deu lugar à desorientação.
Que o Executivo se auto-fragilizou, desbaratando o capital resultante do seu sucesso económico, é questão pacífica, aliás admitida por um novíssimo Ministro. Daí as cedências que o Governo vem fazendo junto de parceiros e adversários, corporações e entidades outras.
Decididamente, não é esta a actuação de que o País carece quando 2018 surge no horizonte carregado de perigos que não devem ser subestimados.
Face à debilidade do Poder, podem-se esperar movimentações de jogadores ansiosos por lançar as suas peças ou, até, fazer xeque-mate! São de recear jogadas potencialmente geradoras de instabilidade.
Será que o Governo vai recuperar o fôlego? Será que a eleição de Centeno para presidente do Eurogrupo ajudará a retomar a inspiração, o fulgor pré-17 de Junho? A desejável estabilidade em 2018 passa por aqui.